…Tu podes me explicar, em termos da ciência econômica – como bom economista que tu és – se o bar em que estamos, de fato, concede gratuitamente os acepipes que estamos comendo, como ele promete?

– Nada é de graça!, afirmou categoricamente o meu amigo. Não tenha essa ilusão. Se o dono do bar não está cobrando os acepipes diretamente, tem a certeza de que ele está cobrando esse custo no preço da cerveja ou no preço do uísque que todos estamos bebendo.

Vê o que as leis impositivas fazem, ele continuou: estabelecem, por exemplo, que os estudantes e idosos paguem somente metade do valor de uma entrada de cinema ou teatro. Quem paga a outra metade? Quem paga são os outros frequentadores, como tu sabes.

Os legisladores sempre procuram proteger uma categoria, imaginando que estão tirando o respectivo valor do dono do empreendimento. Pura ilusão! Na verdade, estão simplesmente transferindo a responsabilidade pelo pagamento para os outros que frequentam o estabelecimento. Da mesma forma, um estacionamento gratuito num shopping é pago por todos que fazem compras nesse local, inclusive as pessoas que não possuem automóvel.

Como isso acontece? Como o estacionamento é um espaço que custa muito para ser mantido e que poderia gerar receita para o dono do empreendimento se fosse transformado em lojas, por exemplo, essa receita não realizada é transferida para os aluguéis dos espaços cedidos às lojas, que, por sua vez, aumentam os preços dos produtos para compensar o valor adicional.

Vê, por exemplo, que um determinado supermercado que frequento isenta o cliente do pagamento do estacionamento do shopping caso a pessoa compre determinado valor em mercadorias. Quem está pagando o estacionamento? Todos os clientes desse supermercado, logicamente.

De forma semelhante faz o dono deste bar conosco. O custo do acepipe (prato delicado servido para abrir o apetite; aperitivo, petisco) está sendo cobrado nos outros produtos que estamos consumindo.

– Mas ele não tem o direito de agir desta forma?, perguntei ao meu amigo. ●